segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

A Liturgia da Palavra é uma celebração. É necessário, pois, que se note que celebramos a Palavra, como depois celebramos a Eucaristia.
Assim, não é nem um momento de leituras atropeladas que se colocam antes da homilia e da celebração eucarística; nem uma reunião de instrução ou de discussão que, depois, concluirá com os ritos eucarísticos (que ficarão, assim, desvalorizados, porque não são tão "instrutivos").
Fazer de leitor é um serviço importante dentro da assembleia. Os que o realizam devem estar conscientes disso e viver a alegria e, ao mesmo tempo, a responsabilidade de ser os que tornarão possível que a assembleia receba e celebre aquela Palavra com a qual Deus fala aos seus fiéis, aqueles textos que são como que textos constituintes da fé.
 
Onze conselhos para o bom leitor

1. Ler a leitura antes. Se puder ser, em voz alta e várias vezes. Lê-la para entender o seu sentido, e para ver que entoação se deve dar a cada frase, quais são as frases que se devem ressaltar, onde estão os pontos e as vírgulas, em que palavras se poderá tropeçar, etc.
2. Estar preparado e aproximar-se do ambão no momento oportuno, isto é, não quando se está a dizer ou a cantar outra coisa. E procurar não vir de um lugar distante da igreja; se for necessário, deve aproximar-se discretamente, antes do momento de subir.
3. Quando estiver diante do ambão, deve ter em conta a posição do corpo. Não se trata de adoptar posturas rígidas, nem, pelo contrário, ler com as mãos nos bolsos, ou atrás das costas, ou com as pernas cruzadas ...!
4. Colocar-se à distância adequada do microfone para que se oiça bem. Por causa da distância, frequentemente, ouve-se mal. Não começar, portanto, enquanto o microfone não estiver ajustado à sua medida (que deverá ser feito antes: a medida adequada costuma ser a um palmo da boca e na direcção da mesma). E lembrar-se que os estampidos que acontecem ou os ruídos que se fazem diante do microfone são ampliados ...
5. Não começar nunca sem que haja silêncio absoluto e as pessoas estejam realmente atentas.
6. Ler devagar. O principal defeito dos leitores, costuma ser precisamente esse: ler depressa. Se lermos depressa, as pessoas, com algum esforço, poderão conseguir entender-nos, mas aquilo que lemos não entrará no seu interior. Recordemos: este continua a ser o principal defeito.
7. Além de ler devagar, há que manter um tom geral de calma. Há que afastar o estilo do leitor que sobe à pressa, começa a leitura sem olhar as pessoas e, ao acabar, foge ainda mais depressa. Não deve ser assim: deve-se chegar ao ambão, respirar antes de começar a ler, ler fazendo pausas nas vírgulas e fazendo uma respiração completa em cada ponto, fazendo uma pausa no final, antes de dizer "Palavra do Senhor", escutar no ambão a resposta da assembleia e voltar ao lugar. Aprender a ler sem pressa, com aprumo e segurança custa; por isso, é importante fazer os ensaios e provas que forem necessários: é a única maneira!
8. Vocalizar. Ou seja, remarcar cada sílaba, mover os lábios e a boca, não atropelar a leitura. Sem afectação nem teatro, mas recordando que se está “actuando” em público, e que o público tem que captar tudo bem. E uma actuação em público é distinta de uma conversa na rua.
9. Não baixar o tom nos finais de frase. As últimas sílabas de cada frase têm que se ouvir tão bem como todas as restantes. Infelizmente, a tendência é para nestas sílabas se baixar o tom tornando-as ininteligíveis.
10. Procurar ler com a cabeça levantada. O tom de voz será mais alto e, portanto, mais fácil de captar. Se for necessário, deve-se pegar no livro, levantando-o, para não ter que baixar a cabeça.
11. Antes de começar a leitura, olhar a assembleia. No final, dizer "Palavra do Senhor", olhando a assembleia. E, ao longo da leitura, com naturalidade, olhar também de vez em quando. Estas olhadelas, no meio da leitura, não se têm que impor como um propósito, o que seria artificial. Mas se sair naturalmente, poderá ser útil, especialmente nas frases mais relevantes: ajuda a acentuá-las, a criar um clima comunitário, e a ler mais devagar.
Josep Lligadas, O leitor e o animador, Setembro 2000, Paulinas, Lisboa

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